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17 de abr. de 2010

Artigo - O Aplauso é a moeda do Artista

Recebí este artigo, por e-mail, do ilustre companheiro de luta da Cultura brasileira, Joãozinho Ribeiro, e me sentí na obrigação de dividí-lo com vocês, por se tratar de um texto repleto de sensibilidade e com alma de artista.

O APLAUSO É A MOEDA DO ARTISTA
(Joãozinho Ribeiro)

Nesta última sexta-feira, 16/04, Brasília recebeu um presente à altura das comemorações dos seus 50 anos. O Clube do Choro, que passa por um processo de reforma para abrigar, dentre outras novidades, a Escola de Música Rafael Rabelo, abriu suas portas para receber dois patrimônios da cultura brasileira, que honram da melhor maneira nossa tradição criadora e o engenho e arte da nossa música instrumental – Zé da Velha e Silvério Pontes.
O espaço se mostrou acanhado para um espetáculo daquela magnitude. Para acompanhar a dupla, um grupo de músicos brasilienses, que acabaram por oferecer ao público um show à parte, reafirmando a forte sintonia entre a cidade e este gênero musical genuinamente brasileiro e que tem na juventude de todo o país um expressivo contingente de seguidores.
Silvério Pontes incorporou as funções de mestre de cerimônias e maestro da cena, cuidando de apresentar o roteiro e o repertório, compartilhando com a platéia alguns episódios folclóricos relacionados com a própria história da dupla, que há cerca de 25 anos permanece unida. Zé da Velha, impecável no porte e elegante como sempre no trato, tocou como nunca, atrevendo-se a interpretar alguns memoráveis sucessos do grande Ataulfo Alves, abandonando por alguns momentos o trombone para soltar o grave vozeirão.
Quanta riqueza no fenomenal cancioneiro brasileiro disponibilizado aos presentes nesta memorável noite: Pixinguinha, Raul de Barros, João da Baiana, Donga, Bide, Jacob do Bandolim, Valdir Azevedo etc., reverenciados de forma magistral, com todas as honrarias e merecimentos. Monstros sagrados da nossa música que se imortalizaram pela inestimável contribuição que legaram às gerações atuais e futuras.
Incrível o diálogo generoso e intergeracional proporcionado por momentos culturais singulares e expressivos como esse: do palco à platéia, várias idades se misturando, mergulhadas num silêncio respeitoso, quando se fazia necessário, e manifestando-se com aplausos calorosos e espontâneos quando o momento assim o requisitava, numa cumplicidade cultural indescritível. Instantes como esses me conduzem ao reconhecimento e a afirmação de que o aplauso continua sendo a principal moeda do artista.
Causa perplexidade e até certo estranhamento a incapacidade, com todo avanço da tecnologia de informação e comunicação, que temos de difundir e propagar esta capacidade criativa dos artistas brasileiros. Isso se aplica não só aos consagrados como aos emergentes, que em todas as regiões brasileiras desenvolvem suas atividades culturais, nas condições mais precárias e muitas das vezes sem nenhum incentivo dos poderes públicos locais, que preferem financiar a espetacularização da cultura, através do patrocínio aos grandes eventos, que em municípios pobres, não agregam nenhum valor à produção artística local e acabam produzindo uma cruel evasão de renda, como tem sido constantemente denunciado em fóruns, conferências e audiências públicas de cultura.
Não por mera coincidência ou ingenuidade despretensiosa que a Globo elegeu, numa das últimas edições do programa Domingão do Faustão, a música do grupo Calcinha Preta (Você não vale nada, mas eu gosto de você...) como a “música do ano”. Nesta mesma esteira, destacam-se as premiações milionárias aos “talentos” dos participantes do Big Brother Brasil, difundindo para todo o país um festival do que há de mais expressivo no que diz respeito ao “engenho e arte” do povo brasileiro.
Há um provérbio atribuído a Confúcio que diz que a qualidade de um governo pode ser aferida pela qualidade da música que é produzida e difundida nos seus domínios. Não iria tão longe nesta afirmação, mas deixaria, a título de reflexão para os leitores desta coluna, um pensamento do maestro José Antonio Abreu, que desde 1975 coordena um projeto intitulado Sistema Nacional de Orquestras Infantis e Juvenis, na Venezuela, responsável pela formação de 1,2 milhão de crianças, com 246 núcleos espalhados pelo país, 3 mil professores, 280 mil alunos, e um investimento anual de 29 milhões de dólares. Este projeto já recebeu inúmeros prêmios internacionais e revelou o mais jovem regente a assumir a direção da Orquestra Filarmônica de Los Angeles, com 28 anos, em 2009, Gustavo Dudamel. Vamos ao pensamento do maestro venezuelano:
“Vejo a sociedade civil como uma orquestra, em que o sucesso é alcançado coletivamente. Com a música, a criança aprende a ser solidária e exigente. A música oferece um caminho irreversível para a excelência. Espiritualmente enriquecida, a criança fica bem armada para enfrentar os perigos da sociedade e a pobreza material. Não existe melhor profilaxia social do que a música. Ela é um sinal de esperança. A vivência social da orquestra ensina a criança a se valorizar, a perceber que ela faz parte de um grupo, e sua participação é vital para o todo. Isso é transformador”.
Zé da Velha iniciou sua carreira com 13 anos de idade e permanece encharcado de juventude, distribuindo, na companhia de Silvério Pontes, música, esperança e felicidade para todo o povo destes talentosos Brasis.
A estes mestres da música brasileira só posso retribuir com os meus sinceros aplausos.
Joãozinho Ribeiro é Coordenador Nacional da Conferência Nacional de Cultura, Ex-secretário de Cultura de Estado do Maranhão, Cantor, Compositor e Poeta.

Um comentário:

  1. Volto aqui pra ler e comentar
    mais tarde.
    Linda semana!
    Bjins entre sonhos e delírios

    "Mas o abraço era tão apertado,
    tão apertado
    que os corpos eram quase mais que colados.
    Poderia dizer que eram um só."

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