(Foto: Pedro França/MinC)
Benki Pianko é um grande especialista brasileiro em reflorestamento. Maniwa Kamayurá conhece em detalhes as técnicas de construção indígena. Lucely Pio é capaz de identificar com precisão qualquer planta do cerrado. Mas o conhecimento de nenhum deles veio das salas de aula. Eles aprenderam o ofício com o avô, com a avó, com o pai, com a mãe. E passam sua sabedoria aos mais novos, aos filhos, aos netos. Agora, vão ensinar o que aprenderam também aos alunos da Universidade de Brasília.
Benki, Maniwa e Lucely serão professores de uma disciplina de módulo livre que deve ser inaugurada no próximo semestre: Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais. Benki, que é mestre do povo indígena Ashaninka, no Acre, Maniwa, pajé e representante dos povos indígenas do Alto Xingu e Lucely, mestre raizeira da Comunidade Quilombola do Cedro, em Goiás, vão passar adiante o conhecimento acumulado durante mais de um século nas comunidades onde cresceram e vivem até hoje. Benki e Maniwa são xamãs indígenas, líderes espirituais com funções e poderes ritualísticos. Lucely é mestre quilombola.
Além deles serão também professores da nova disciplina Otávionilson Nogueira dos Santos, que domina os métodos de fabricação de embarcações tradicionais maranheneses, e Biu Alexandre, mestre do Cavalo Marinho Estrela de Ouro de Condado, um dos tradicionais grupos folclóricos da Zona da Mata pernambucana, que reúne teatro, dança, música e poesia.
A criação da disciplina, que deve ter carga semanal de seis horas e depende ainda de aprovação do Decanato de Ensino de Graduação, faz parte de um projeto de introdução dos saberes tradicionais na universidade. Um modelo de universidade que Darcy Ribeiro sonhou.
O criador da UnB imaginava uma instituição moderna, que não fosse só fonte de criação científica, mas de encontro de culturas, de produção artística e cultural. “Queremos promover um diálogo, uma troca de conhecimentos" , explica o professor José Jorge de Carvalho, do Departamento de Antropologia. "Os mestres que aqui estarão tem um modo de construir saberes que leva em conta não só o pensar, que é característico da cultura das universidades, mas também o fazer e o sentir”, completa o professor.
AVANÇO - O professor José Jorge destaca, no entanto, que a introdução dos saberes tradicionais não é uma negação da forma utilizada pelas universidades de produzir e transmitir conhecimento. “Pelo contrário. É uma soma. Sabemos coisas que os mestres tradicionais não sabem, assim como eles sabem muito do que não conhecemos. A universidade pode ser muito mais rica do que é”, acrescenta.
O diretor do Departamento de Antropologia, Luís Roberto, lembra que a criação de disciplinas de módulo livre, que permitem aos alunos contato com um conhecimento totalmente fora de sua área, foi um avanço. "E colocar os mestres frente a frente com os alunos e ao lado dos professores é uma proposta ainda mais radical, mas fundamental para ampliar horizontes", comenta.
Para Nina de Paula Laranjeira, diretora de Acompanhamento e Integração Acadêmica do Decanato de Ensino de Graduação, a iniciativa por si só já demostra uma mudança nos modos de pensar. "Precisamos superar o paradigma de que o conhecimento está limitado à comprovação científica", afirma.
Benki, Maniwa e Lucely serão professores de uma disciplina de módulo livre que deve ser inaugurada no próximo semestre: Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais. Benki, que é mestre do povo indígena Ashaninka, no Acre, Maniwa, pajé e representante dos povos indígenas do Alto Xingu e Lucely, mestre raizeira da Comunidade Quilombola do Cedro, em Goiás, vão passar adiante o conhecimento acumulado durante mais de um século nas comunidades onde cresceram e vivem até hoje. Benki e Maniwa são xamãs indígenas, líderes espirituais com funções e poderes ritualísticos. Lucely é mestre quilombola.
Além deles serão também professores da nova disciplina Otávionilson Nogueira dos Santos, que domina os métodos de fabricação de embarcações tradicionais maranheneses, e Biu Alexandre, mestre do Cavalo Marinho Estrela de Ouro de Condado, um dos tradicionais grupos folclóricos da Zona da Mata pernambucana, que reúne teatro, dança, música e poesia.
A criação da disciplina, que deve ter carga semanal de seis horas e depende ainda de aprovação do Decanato de Ensino de Graduação, faz parte de um projeto de introdução dos saberes tradicionais na universidade. Um modelo de universidade que Darcy Ribeiro sonhou.
O criador da UnB imaginava uma instituição moderna, que não fosse só fonte de criação científica, mas de encontro de culturas, de produção artística e cultural. “Queremos promover um diálogo, uma troca de conhecimentos" , explica o professor José Jorge de Carvalho, do Departamento de Antropologia. "Os mestres que aqui estarão tem um modo de construir saberes que leva em conta não só o pensar, que é característico da cultura das universidades, mas também o fazer e o sentir”, completa o professor.
AVANÇO - O professor José Jorge destaca, no entanto, que a introdução dos saberes tradicionais não é uma negação da forma utilizada pelas universidades de produzir e transmitir conhecimento. “Pelo contrário. É uma soma. Sabemos coisas que os mestres tradicionais não sabem, assim como eles sabem muito do que não conhecemos. A universidade pode ser muito mais rica do que é”, acrescenta.
O diretor do Departamento de Antropologia, Luís Roberto, lembra que a criação de disciplinas de módulo livre, que permitem aos alunos contato com um conhecimento totalmente fora de sua área, foi um avanço. "E colocar os mestres frente a frente com os alunos e ao lado dos professores é uma proposta ainda mais radical, mas fundamental para ampliar horizontes", comenta.
Para Nina de Paula Laranjeira, diretora de Acompanhamento e Integração Acadêmica do Decanato de Ensino de Graduação, a iniciativa por si só já demostra uma mudança nos modos de pensar. "Precisamos superar o paradigma de que o conhecimento está limitado à comprovação científica", afirma.
fonte: Joãozinho Ribeiro via e-mail e UnB
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